Antiglossário questiona imaginários sobre IA e trabalho por plataformas

Cristina Maiello, Fabiana Benedito e Paulo Beraldo

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Será que os algoritmos são neutros? Que as ‘plataformas’ das redes sociais digitais estão ali apenas para intermediar clientes e prestadores de serviços? Que a ‘nuvem’ não traz problemas ao meio ambiente? Ou que a ´inteligência artificial´ é realmente ‘inteligente’? E ela é artificial, mesmo sendo feita de produtos da natureza e alimentada com informações produzidas por seres humanos?

Perguntas como essas motivaram Cristina Maiello, Fabiana Benedito e Paulo Beraldo a construir o Antiglossário da Inteligência “Artificial” e do Trabalho por Plataformas. As indagações surgiram a partir das leituras, análises e reflexões em uma disciplina de pós-graduação, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Segundo as pesquisadoras e o pesquisador, “os debates e as leituras sobre investigações dos cinco continentes apontaram para a produção de significados e subjetividades de diversos termos e narrativas que escamoteiam interesses”.

O “antiglossário” foi idealizado visando desconstruir definições distópicas utilizadas recorrentemente para expressar noções – que nem sempre têm amparo na realidade – sobre Comunicação, Trabalho e Tecnologia. Nesse percurso, verificou-se o uso de termos equivocados para denominar fenômenos ligados ao trabalho por plataformas e à inteligência artificial. Expressões que mascaram a realidade física e tangível por trás dessas tecnologias. O resultado consiste neste conteúdo elucidativo sobre a conveniência de algumas definições. O que elas visibilizam e o que escondem.

Os verbetes apresentados compõem uma pequena amostra da importância de se confrontar essas terminologias e de contrapor-se ao léxico dominante. As expressões disseminadas pelas empresas invisibilizam quem de fato produz, como se plataformas, algoritmos e IA prescindissem do trabalho humano.

Com base em autores e autoras cujas citações estão contidas nos dez verbetes escolhidos, o “antiglossário” do trabalho por plataformas e da inteligência artificial busca dar visibilidade aos custos ambientais, sociais, econômicos e humanos desses fenômenos.

A compilação foi realizada com base em expressões presentes no imaginário coletivo e pode ser ampliada por outras pesquisadoras e pesquisadores. O texto informal busca extrapolar as fronteiras do universo acadêmico e criar conexões com o público, estendendo essa compreensão a mais pessoas interessadas no tema e impactadas por essa realidade. “Esperamos que esse trabalho contribua para a melhor compreensão de fenômenos que estão mudando e moldando a nossa sociedade na contemporaneidade”, afirmam as autoras e o autor.

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Cristina Maiello: Mestranda no Programa de Pos-Graduacao em Ciencias da Comunicacao da Universidade de Sao Paulo (USP)

Fabiana Benedito: Doutoranda no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Culturas Contemporaneas daUniversidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante do Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura (Gig@).

Paulo Eduardo Beraldo: Mestrando no Programa de Pos-Graduacao em Ciencias da Comunicacao da Universidade de Sao Paulo (USP)

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