As plataformas dos entregadores

Por Rafael Grohmann e Paula Alves

E se tivesse uma plataforma digital de propriedade dos trabalhadores?

Pois bem, já existem cooperativas de entregadores, algumas delas inseridas no diretório de iniciativas do cooperativismo de plataforma. Conheça algumas:

MensakasUma greve engajou milhares de entregadores do aplicativo Deliveroo em várias cidades da Europa em 2017. Dessa luta coletiva foi fundado o sindicato RidersXDerechos. Em Barcelona, 30 dos entregadores grevistas demitidos pela Deliveroo iniciaram um processo de auto-organização e lutas coletivas por seus direitos trabalhistas. Da organização no sindicato nasceu a cooperativa Mensakas.

Como forma de resistir à ofensiva de mercado das grandes plataformas, garantindo salário justo e jornada reduzida, os riders cooperativados da Mensakas desenvolveram a sua plataforma própria. Eles priorizam redes de economia solidária na circulação de alimentos e outros produtos para a população. Para a Mensakas, os trabalhadores estão em primeiro lugar.

Na edição especial da revista Contracampo sobre trabalho em plataformas, duas pesquisadores espanholas analisam as estratégias midiáticas e as reapropriações tecnológicas da RidersXDerechos e da Mensakas para criar seus próprios algoritmos: “meu chefe não é mais um algoritmo”.

Quer saber mais sobre a Mensakas? Eles tem vídeos incríveis e estarão em uma live conosco amanhã, segunda-feira, às 16h no DigiLabour Conversations

Urbike: é a cooperativa de entregadores de Bruxelas, na Bélgica, com o propósito de transformar a mobilidade urbana e as cidades em uma direção sustentável e humana assegurando trabalho decente. A cooperativa segue os princípios de democracia no ambiente de trabalho e redistribuição de mais-valia (presentes no cooperativismo de plataforma) e é dona do algoritmo que define os preços das corridas. As entregas são feitas por bicicletas ligadas a um contêiner, como você pode ver neste vídeo;

CoopCycle: é a federação de cooperativas de entregadores. Tem sede na França e cobre todos os países da Europa. Prevê a criação de um modelo econômico anticapitalista baseado no desenvolvimento de software Coopyleft, cujo código está disponível no GitHub, mas com uso comercial reservado às cooperativas filiadas e ligadas à economia solidária.

Pedal Expresscoletivo de ciclistas de Porto Alegre. Organizado horizontalmente, há atualmente nove pessoas fazendo entregas e, ao mesmo tempo, cuidando da gestão do coletivo. Seu objetivo é construir alternativas sustentáveis e ecológicas. Diferentemente das cooperativas de plataforma acima, eles não tem uma plataforma própria e dependem de WhatsApp, Telegram e outras plataformas para executar seu trabalho.

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