O que é Design Justice?

design de tecnologias – como plataformas e algoritmos – pode reproduzir, intensificar e produzir desigualdades de classe, raça, gênero, sexualidade, entre outras. Há diversos exemplos sobre isso, como o filme Coded Bias, e trabalhos de Tarcizio Silva, Virginia EubanksCatherine D’Ignazio Safiya Noble. Como mostram as autoras de Data Feminism, é preciso um enfoque de justiça social, e não meramente a questão do viés.

Sasha Costanza-Chock, pesquisadora do MIT e fellow da Liga da Justiça Algorítmica, segue na mesma direção com seu projeto Design Justice, que é um livro e uma rede de pesquisadores e designers.

livrodisponível em acesso aberto, demonstra como práticas de design universalistas apagam grupos de pessoas a partir de múltiplas dominações – incluindo branquitude, heteropatriarcado e colonialismo – e procura documentar uma série de processos em relação a um design que considere as comunidades marginalizadas no centro, indo além das perspectivas de design centrados no usuário, “design para o bem” e diversidade corporativa.

Ela, inclusive, critica práticas de design de personas como utilizadas cotidianamente por profissionais. Assim, Costanza-Chock convida a repensar narrativas, práticas, pedagogias e locais (como hackerspaces, makerspaces e fablabs) que envolvem o design a partir de uma abordagem de justiça no design.

Já a rede se constitui como uma comunidade internacional de pessoas e organizações comprometidas em repensar os processos de design para centralizar pessoas historicamente marginalizadas. A Design Justice Network já tem 1728 signatários, e qualquer um pode comprometer-se com os princípios. Também dá para tornar-se um membro e ter acesso às discussões da rede.

Conheça os princípios de Design Justice:

1. Utilizar o design para sustentar e empoderar as nossas comunidades, tal como procurar a liberação de sistemas exploratórios e opressivos;

2. Centralizar as vozes das pessoas diretamente impactadas pelos efeitos do processo do design;

3. Priorizar o impacto do design na comunidade e não as intenções do designer;

4. Compreender a mudança como emergente de um processo responsável, acessível e colaborativo, não como uma meta no final de um processo;

5. Ver o papel de designers como pessoas facilitadoras e não como peritas;

6. Acreditar que cada pessoa é perita graças à sua própria experiência, trazendo contribuições únicas e brilhantes para um processo de design;

7. Partilhar conhecimento e ferramentas de design com as nossas comunidades;

8. Trabalhar para resultados sustentáveis, liderados e controlados pela comunidade;

9. Trabalhar para soluções não-exploratórias que nos reconectam com a Terra e com as outras pessoas;

10. Antes de procurar novas soluções de design, procurar o que já está funcionando ao nível da comunidade. Honrar e elevar conhecimento e práticas tradicionais, indígenas e locais.


No Laboratório de Pesquisa DigiLabour, consideramos o design justice como um elemento indispensável para a construção de plataformas cooperativas e controladas por trabalhadores, junto a outras dimensões, como trabalho decente, infraestrutura de dados, intercooperação e governança democrática – questões que exploramos em outro post e está presente em nossas pesquisas.

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