Plataformas e produção cultural: novo livro de Poell, Nieborg e Duffy

Thomas Poell, David Nieborg e Brooke Erin Duffy lançaram seu novo livro, Platforms and Cultural Production. A partir do foco geral de como a plataformização afeta a produção cultural, os autores investigam mudanças institucionais e nas práticas culturais.

Isso envolve, por um lado, compreender questões como ecossistemas de plataformas, infraestruturas, governança, regulação, moderação, e por outro, trabalho, metrificação, criatividade, autenticidade e democracia. Os principais exemplos vem dos setores de jornalismo, games e criação de conteúdo em mídias sociais, mas há também referências às áreas de música e publicidade. Entre as ilustrações, o livro defende que Netflix não é uma plataforma.

Confira 10 citações centrais da obra:

  1. A plataformização pode ser entendida como a penetração das extensões econômicas, infraestruturais e governamentais das plataformas digitais nas indústrias culturais, bem como a organização de práticas culturais de trabalho, criatividade e democracia em torno dessas plataformas.
  2. Definimos plataformas como infraestruturas de dados que facilitam, agregam, monetizam e governam as interações entre usuários finais e prestadores de serviço e conteúdo.
  3. Digitalização não é a mesma coisa que plataformização. Embora o New York Times, a Netflix e a Walt Disney coletem resmas infinitas de dados e usem algoritmos sofisticados para selecionar o conteúdo, eles não são empresas de plataforma.
  4. O que nos motivou a escrever este livro é ir além dos indicadores quantitativos de dominância das plataformas – como receita e lucro – para oferecer uma perspectiva mais ampla sobre os fluxos e relações de poder em ambientes de plataformas.
  5. Para explorar as relações entre plataformas e produtores culturais, adotamos uma abordagem decididamente interdisciplinar, apoiando-nos em pesquisas das áreas de administração, economia política crítica, estudos de software, estudos sobre indústrias midiáticas e estudos culturais.
  6. Os produtores culturais de vários tamanhos ainda enfrentam dinâmicas de blockbuster que recompensam pequenos grupos de vencedores ou estrelas. Essa dinâmica ajuda a explicar o poder de permanência das empresas tradicionais de mídia, especialmente conglomerados de mídia transnacionais como The Walt Disney Company, Bertelsmann ou Vivendi.
  7. O que torna a posição dos produtores culturais em relação às plataformas particularmente precária é o ritmo alucinante com que as plataformas mudam seus recursos de fronteiras e seus regimes de visibilidade. Estruturamos essas mudanças incessantes como evolução de plataformas.
  8. Trabalhadores culturais que são dependentes de plataformas – mesmo aqueles que tem uma grande visibilidade em uma perspectiva socioeconômica – tendem a ser politicamente invisíveis. Eles carecem de suporte legal e/ou regulatório. A ausência de tais proteções torna os trabalhadores ainda mais atomizados e, portanto, precários.
  9. As plataformas abrigam um tremendo potencial para distribuir uma ampla variedade de expressões criativas. Na prática, no entanto, a distribuição digital não é igual à visibilidade, pois os recursos e a escala continuam a moldar as trajetórias de distribuição.
  10. Para desenvolver uma perspectiva verdadeiramente global, devemos tratar as empresas de plataformas e as práticas de produção cultural baseadas na China não como exóticas, mas como distintas. Na verdade, elas seguem um caminho idiossincrático, assim como fazem as plataformas e indústrias baseadas nos Estados Unidos.

Para saber mais, tem conteúdo DigiLabour com cada um dos autores:

As lives podem ser assistidas com legendas em português.

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