No mês de agosto, os streamers da Twitch no Brasil organizaram “apagão” e uma “união” (que, no início, era sindicato). Isso deixou ainda mais evidente que streamers são trabalhadores e as contradições em torno do movimento, conforme matéria de Victor Silva no Núcleo.Jor. Protestos contra a Twitch dentro e fora do Brasil (#ADayOffTwitch) também foram tema de matéria da revista Wired nos Estados Unidos, com direito à entrevista com o coordenador do DigiLabour, Rafael Grohmann.
Confira algumas referências bibliográficas sobre Twitch e trabalho:
Dimensões afetivas do trabalho de streamer. As transmissões ao vivo são uma parte importante do trabalho na Twitch. Jamie Woodcock e Mark Johnson, em texto publicado na Television & New Media, entrevistaram 100 streamers – profissionais e aspirantes – e comentaristas de eSports em 2016 e 2017 nos Estados Unidos, na Alemanha e na Polônia. O artigo analisa o “trabalho afetivo” dos streamers e as questões de performance.
Além das Transmissões. Neste outro artigo de Mark Johnson, publicado em 2021 na Games and Culture, ele analisa o trabalho nos bastidores, off-camera, dos streamers. Eles falam sobre o volume extra de trabalho, muitas vezes não creditado, e como suas habilidades para esse tipo de trabalho se relacionam à construção da imagem de um streamer “de sucesso”, a partir de reflexões sobre produtividade e auto-apresentação.
Mulheres na Twitch. A tese de doutorado de Karen Skardzius, defendida na York University, analisou 50 canais da Twitch geridos por mulheres e entrevistou cinco streamers mulheres. A partir do feminismo interseccional, a autora mostra as inúmeras maneiras como a monetização da plataforma relaciona-se a interações, práticas e relacionamentos.
Streamers Empreendedores: a partir da análise do talk show Dropped Frames, Christopher Bingham argumenta que os streamers da Twitch demonstram uma compreensão teórica sobre a profissionalização, que seria baseada em sua capacidade de negociar as incertezas e as responsabilidade que eles sentem por suas comunidades. No Dropped Frames, os streamers discutem aspectos da carreira, como o tempo e o esforço para ser streamer, a precariedade, o seu relacionamento com as comunidades e os desenvolvedores de jogos. Artigo publicado na revista Convergence. Outro texto sobre o tema – e não focado somente na Twitch – é Streamers: the new wave of digital entrepreneurship? Extant corpus and research agenda – publicado na revista Electronic Commerce Research and Applications
Streamers como influencers. Em mais um texto de Jamie Woodcock e Mark Johnson, eles analisam os streamers como influenciadores e sua importância para a comunicação estratégica. Eles analisam fatores como autenticidade, gerenciamento de comunidade, relação com marcas, e tamanho do canal, além do envolvimento emocional. Outro texto dos autores é ‘It’s like the Gold Rush: The Lives and Careers of Professional Video Game Streamers on Twitch.tv’, de 2017.
Celebridades Digitais. Em artigo no First Monday, Mark Johnson, Mark Carrigan e Tom Brock analisam os streamers da Twitch como celebridades digitais e como suas práticas relacionam-se às mudanças no mundo do trabalho, em conformidade com aspirações neoliberais por meio de performances competitivas, como um imperativo de visibilidade
Moderadores Voluntários. A partir de entrevistas com 20 pessoas que atuam como moderadoras em microcomunidades na Twitch, Donghee Yvette Wohn mostra as motivações para elas tornarem-se moderadoras, os diferentes tipos de moderação e as dificuldades da atividade. Os moderadores relatam problemas em lidar com conteúdo negativo e complexidades nas relações com streamers e audiência, com fronteiras borradas entre trabalho emocional, trabalho físico e lazer.
Twitch como Plataforma Comercial. A dissertação de mestrado de Charlotte Panneton, da University of Western Ontario, analisa diversos aspectos de negócios da Twitch, como estrutura de propriedade, uso de dados, monetização das atividades de usuários e relação com a indústria de games. Panneton mostra a tendência à monopolização na indústria de games e suas atividades periféricas e a tendência a transformar streamers em trabalhadores precários.
Capital Lúdico. André Pase, Letícia Dallegrave e Mariana Gomes da Fontoura, em artigo publicado na revista Fronteiras, argumentam como a plataforma Twitch opera por meio do capital lúdico, nas palavras dos autores, “trabalho acumulado através do esforço do jogador em um momento de gameplay ou de uma transmissão motivada por uma partida ou um outro aspecto originário de um jogo”.
Twitch Bits. William Clyde Partin, na Social Media + Society, discute a história das ferramentas de gerenciamento de doações na Twitch, especialmente o Bits. Pensando-o como arquitetura sociotécnica e em sua dimensão político-econômica, o autor argumenta como acontece uma captura por parte da plataforma